Como traduzir os títulos de Katharina Volckmer
Ao trazer os livros da autora alemã para o Brasil, a equipe da Fósforo precisou chegar em um consenso sobre a melhor maneira de traduzir os títulos originais. Eloah Pina, editora dos livros, nos conta a saga
O título original de A ligação é Wonderfuck. E vocês devem estar pensando o que um tem a ver com o outro. Antes de mais nada, esqueçam o conceito de fidelidade: as escolas de tradução mais recentes já superaram e o próprio protagonista do romance não aprovaria. A tradutora Érika Nogueira Vieira e eu, mais o time de colegas e colaboradores da Fósforo, debatemos meses a fio qual seria uma tradução adequada.
A princípio, wonderfuck quer dizer “f*** maravilhosa”. No inglês, a palavra é usada para se referir não ao ato sexual, mas à pessoa com quem se quer transar, aquela que é muita areia para nosso caminhãozinho. A pessoa dos sonhos. O boy magia. A gostosona. O/A transarino/a. O fo*elão. O antônimo de m*te fofo. Consultamos quem quer que aparecesse na nossa frente: como você chamaria aquela pessoa que transa muito bem? Na verdade, uma pessoa que você SONHA que vai transar muito bem? O problema de tradução persistiu: wonderfuck é uma palavra agênero…
Estávamos mais a fim de um título que comunicasse o conteúdo do que fosse colado ao sentido estrito original. Queríamos uma palavra que fosse wonder e pudesse figurar na capa. Rapidinha, Babado, babadeiro…
Os alemães optaram por Hallo, mein Name ist Jimmie, was kann ich für Sie tun? [Olá, meu nome é Jimmie, como posso vos ajudar?]; os franceses e gregos mantiveram o título em inglês. A edição britânica, Calls May Be Recorded for Training and Monitoring Purposes [As ligações podem ser gravadas para treinamentos]. Por fim, aqui no Brasil decidimos seguir a tradição volckmerística (deem uma espiada em A consulta!) e adaptar. Mas entre quatro paredes, digo, capas, temos o quase próximo subtítulo “Uma transa gostosa” para compensar.
— Eloah Pina, editora da Fósforo
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