Saiba mais sobre a capa de ‘A mais recôndita memória dos homens’
Zansky fala sobre o processo de criação da ilustração para a capa do romance Mohamed Mbougar Sarr
“O desafio de ilustrar uma capa é sempre o de desenhar um ou mais elementos sem que se revele a história do livro. Após a leitura de A mais recôndita memória dos homens, entendi que o pedido da editora e da designer da capa, Flávia Castanheira, fosse uma arte ao estilo de Onde está Wally. Uma investigação visual para o leitor, tal qual Diégane Latir Faye, o personagem principal, faz em toda sua jornada no livro.
O ponto de partida para a arte, então, foi uma canção que aparece em alguns momentos do livro, a qual conta sobre um pescador que vai atrás do horizonte para encontrar a Deusa-peixe. A canção se transformou justamente no grande sol onde se encaixa o título e o nome do autor, com um homem numa embarcação à frente e o rio cortando horizontalmente a capa, dividindo ‘os mundos’, sejam os das aldeias e as cidades ou da realidade e dos sonhos.
Outro divisor importante são os irmãos gêmeos Ousseynou e Assane Koumakh que aparecem cada um de um lado (um na capa e outro na quarta capa) separados pela lombada. Os traços numa cor não tão usual (os traços escuros/pretos são os mais comuns) complementam ainda mais essa jornada investigativa gráfica da capa. Assim, ao longo da leitura, é possível tentar identificar os elementos / fatos que ocorrem na(s) história(s) contidas em A mais recôndita memória dos homens.
Além disso, a parte mais interessante neste projeto foram as pesquisas de referência de Senegal, como é hoje e no passado, quais são suas cores e texturas. A maior dificuldade foi encontrar uma cor de traço que desse contraste suficiente para identificar os elementos, mas que não fizesse parecer uma arte de história em quadrinhos.
Caminhar no deserto, olhar as estrelas
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